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Este vídeo é sensacional.

Feito pela Tides Foundation, pela Funders Workgroup for Sustainable Production and Consumption e pelo Free Range Studios, chama-se "The Story of Stuff", a História das Coisas.Mostra como funciona a cadeia de produção, da extração até o dejeto (lixo), e como isso afeta a nós e ao nosso planeta.

O vídeo tem um apelo importantíssimo. Não se trata de ser a favor ou contra o aborto, ou de dizer se Deus existe ou não. Trata-se de viver em um lugar, no caso, este planeta, e de esgotar os recursos que o local tem a oferecer.

Site:

http://www.storyofstuff.com/

E aqui, o vídeo com dublado em português:

Falar em escala planetária é algo grande demais, algo que não conseguimos apreender, entender.Para mostrar a importância do assunto, que diz respeito a todos nós, tanto quanto se fosse um cometa gigantesco prestes a chocar-se contra nosso planeta, vou falar sobre algo que aconteceu há muito tempo, onde hoje é chamado de Ilha de Páscoa.

Descoberta por um Capitão Holandês em 1722, a Ilha tem uma triste e verídica história. Em alguns séculos, o povo da Ilha de Páscoa cortou todas as árvores da Ilha, levou a vida vegetal e animal à extinção, e após um curto período de canibalismo, pois não havia mais o que comer, e não se podia ir pescar, pois não haviam árvores para fazer canoas, eles mesmos foram extintos.

http://www.hartford-hwp.com/archives/24/042.html

De forma bem resumida, o culto religioso dos habitantes da Ilha dedicava-se a construir grandes estátuas de Pedra, os Moai, com propriedades tais que atraem raios, e ao serem atingidos, os olhos e partes da coroa da estátua brilham.

Todos os recursos eram direcionados para a construção e colocação dos Moai. Eram necessários quase todos os homens da ilha, muitas árvores para construir e levar as cabeças de pedra até o local sagrado, e erguê-las.

Após séculos de abuso naquele ecossistema tão pequeno, com a população aumentando e todos os principais esforços voltados para as estátuas, a comida começou a faltar. Não havia mata suficiente, e não haviam animais suficientes. A pesca era desencorajada, pois as árvores eram exclusivas da religião, não se podia utilizar as árvores, pois elas faziam parte do esforço de construção das estátuas.

A situação se agravou. Os líderes religiosos disseram que os deuses estavam zangados. Era preciso construir mais estátuas! E assim fizeram. A situação continou piorando, e os esforços foram intensificados: mais estátuas! Mais estátuas! Os deuses exigem!

Finalmente, a última árvore foi tombada, em uma ilha devastada, onde fogueiras se erguiam por toda parte, parte do processo de construção das estátuas.

A comida acabou, e ficou evidente que os deuses realmente deviam estar muito putos. Sendo uma ilha, a solução óbvia seria a pescaria. Mas não havia como ir pescar, pois não haviam mais árvores para construir canoas, jangadas e remos. Não era possível nem mesmo sair da ilha. A pesca que podia ser feita a partir do solo, utilizando linha e anzol, era simplesmente insuficiente para alimentar todos.

Era uma sociedade complexa, uma verdadeira civilização, com o que até poderiámos chamar de uma cidade. Haviam magistrados, haviam policiais, haviam líderes religiosos, trabalhadores, soldados. Quando a fome realmente se instalou, veio o caos.

Primeiro, a sociedade se partiu, e ficou divida em clãs guerreiros: todos se armaram, e foram à guerra. Os que morriam eram devorados. Depois, virou "cada um por si", e quem matava, comia. Quem não matava, morria. E os líderes religiosos no meio de tudo isso, que foram quem começou com tudo isso?

Imagino que, tal como no filme "A Névoa", primeiro os Sacerdotes disseram que os "pecadores" deveriam ser devorados.

Depois os mais fracos, doentes e deficientes. Depois as crianças. Depois as mulheres. Depois os que não eram os mais fortes. Eventualmente, até mesmo os sacerdotes tiveram seus ossos roídos por bocas famintas.

E quando o último terminou de devorar o penúltimo, não havia mais ninguém para comer. E o último habitante da ilha morreu de fome.

Como li em algum lugar, quando li a respeito desta história:

"Imagino o que foi que pensaram os homens, quando cortaram a última árvore de toda a Ilha".


E digo mais. No início, alguém deve ter dito que uma hora os recursos iriam acabar. Como havia muito de tudo, ninguém acreditou.

No meio, alguém deve ter dito que aquilo não ia terminar bem. Como ainda havia o bastante, ninguém deu atenção.

No fim, quando tudo terminou, ninguém falou nada. Porque era óbvio que terminou mal, e que terminou tudo.

E porque estavam todos ocupados tentando agarrar alguém com os dentes.

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